Responsáveis
Marcos José de Araújo Caldas (docente – UFRRJ), Nely Feitoza Arrais (docente – UFRRJ)
Ementa
A proposta deste minicurso tem como objetivo principal apresentar as características básicas da língua e da cultura egípcias sob um olhar de valorização dos estudos sobre a Antiguidade Oriental. Em comemoração aos 200 anos da decifração dos textos hieroglíficos, sobretudo, por Jean-François Champollion (1780 – 1832), buscamos aproximar os alunos das visões de mundo difundidas acerca da perspectiva dos egípcios durante o período do Egito clássico. Dessa maneira, é importante apontar noções introdutórias sobre a escrita hieroglífica situando-a no contexto da sociedade, religião e política no Egito Antigo. É sabido que, em geral, quando se fala sobre os estudos da Antiguidade, as referências imediatas assentadas no imaginário ocidental estão situadas no recorte Grécia-Roma. O que foge disso, quando colocamos foco no Oriente Próximo, (o que em nosso caso se traduz pela África Saariana e por regiões da Ásia Menor) parece vir quase sempre carregado de valores preestabelecidos, caracterizando o que se identifica pelo conceito de orientalismo. Diante disso, a proposta inicial terá como intuito demonstrar aos discentes como é importante se dispor ao desapego da mentalidade/cosmovisão ocidental, cuja intimidade não é natural, e sim naturalizada, e que pode ser desconstruída por meio do conhecimento de outras lógicas de viver em sociedade. Pretendemos discutir sobre a escrita hieroglífica como a representação final da cosmovisão egípcia clássica. Sendo tais representações resguardadas apenas aos membros do sacerdócio, da realeza e aos escribas, demonstraremos como os registros da língua egípcia possuíam uma função sagrada nessa sociedade. Por isso, será importante compreender a função do escriba na sociedade egípcia na Antiguidade e o que ele representava dentro da estrutura social da época. Serão apresentados, portanto, exemplos de fontes encontradas de textos sobre a Antiguidade egípcia (papiros, rochas, madeiras, marfins, esculturas e paisagens) como referência dos objetos de estudos para a produção de conhecimento sobre o recorte e noções sobre a estrutura gramatical da escrita hieroglífica, o pseudo-alfabeto e alguns dos recursos necessários para a decifração desses textos.
Bibliografia
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