Organizadores: Matheus Barros da Silva (UFRGS) e Jussemar Weiss Gonçalves (FURG)

Programação

Mesa 1 (29/11, 14h-17h): Teatro e Política

Darcylene Pereira Domingues (UFPel), Discurso e ação feminina em As Traquínias e Medeia: os limites e enfrentamentos das mulheres

Jussemar Weiss Gonçalves (UFRGS-FURG), As fontes Populares do Teatro Ateniense

Maria Ester Cacchi (UNESP), Alceste e Medéia:  alteridade e poder na Atenas do século V a.C.

Matheus Barros da Silva (UFRGS), Tragédia grega: de máquina de pensar a política a aparelho ideológico da pólis

.

Mesa 2 (30/11, 14h-17h): Tragédia e Teoria da Recepção

Anderson Zalewski Vargas (UFRGS), A recepção da Antiguidade como alternativa em tempos de descolonização

Fernando Rodrigues Junior (USP), Aspectos da tragédia grega no período helenístico

Marina Pereira Outeiro (UERJ), “Andrômeda de Méroe”: A conectividade sociocultural entre a Grécia e Cuxe (442-412 a.C.)

Rodrigo de Miranda (UFRGS), Notas sobre a mutabilidade do êthos de Creonte na Antígona, de Sófocles

.

Mesa 3 (01/12, 14h-17h): A condição humana na tragédia

Elisana De Carli (UFSC), A (i)materialidade da morte em Os Persas

Andrea Nárriman Cezne (UFSM), Análise da Compreensão da Morte na Tragédia Antígona

Thirzá Amaral Berquó (Bar-Ilan University, Israel), A velhice na tragédia grega

Amanda Martins Rodrigues (UNESP-Araraquara), OH! IDE, BACANTES!: a participação feminina em rituais dionisíacos

Michelle Bianca Dantas (UFPB), A pólis sagrada das mulheres:  memória e ressignificação no mito de Helena (Eurípedes)

.

.

.

_______

Resumo e bibliografia do simpósio

Resumo: o presente simpósio temático visa propiciar a construção de um espaço receptivo à pesquisa brasileira em História Antiga que tenha por objeto as relações entre pólis e teatro (tragédia e comédia). Nossa proposta está apoiada em um diálogo historiográfico com autores como, Jean-Pierre Vernant, Pierre Vidal-Naquet, Marcel Detienne, Christian Meier, Simon Goldhill, Noémie Villacèque, Charles Segal, Diego Lanza, Jaqueline de Romilly e Nicole Loraux. Por óbvio, cada autor, autora e correntes interpretativas possuem suas particularidades, no entanto, cremos que nesse caso há algo que os une: a compreensão de que há uma sensível, e mesmo orgânica relação entre pólis e teatro. Quer dizer, o teatro, a tragédia e comédia são produtos da dinâmica políade, nascem e se convertem em instituições sociais da cidade clássica – Atenas. Os cidadãos estão presentes no teatro de Dioniso precisamente em sua própria condição de cidadãos. Assim, devem ser pensados como espectadores-cidadãos. Sendo parte constitutiva das festas cívico-litúrgicas em honra ao deus Dioniso, o teatro ateniense, que chegou a nós através das obras de Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes – para citar apenas aqueles nomes considerados supérstites – apresenta uma intensa problematização das estruturas da cidade, em diversos âmbitos, existindo um forte laço entre o teatro e prática democrática. O teatro permite adentrarmos o universo cultural, mental, ideológico e político de seu respectivo contexto de produção. É preciso salientar que é a condição de ser teatro, isto é, uma forma especifica de organização do trabalho intelectual, que permite a existência de um vínculo inquestionável entre tragédia, comédia e cidade. É o teatro, como dramatização do social que torna o drama trágico e cômico elementos centrais na construção de uma ideologia cidadã (πολίτης / polítēs). A tragédia, é uma obra dramática, articulada à encenação, à recriação da ação. Nas obras de tragediógrafos e comediógrafos as reflexões sobre questões como poder, autoridade, guerra, gênero, relações ente humanos e deuses, por exemplo, se corporificam nas falas, vozes de personagens que a partir da autoria poética recriam, teatralmente, a cidade e seus problemas. Assim, tendo em mente o que foi exposto, pensamos que o teatro está na pólis e a pólis está no teatro. Desta forma, abre-se esse simpósio temático a pesquisadores e pesquisadoras que desenvolvam estudos sobre o teatro grego antigo e suas relações políticas, sociais e culturais com a pólis.

Bibliografia

DETIENNE, Marcel. Os Mestres da Verdade na Grécia Arcaica. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
GOLDHILL, Simon. Reading Greek Tragedy. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
LANZA, Diego. Le Tyran e son Publique. Paris: Belin, 1997.
LORAUX, Nicole. Maneiras Trágicas de Matar uma Mulher. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
MEIER, Christian. De la Tragédie Grecque comme Arte Politique. Paris: Les Belles Lettres, 1991.
SEGAL, Charles. Tragedy and Civilization. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
VILLACÈQUE, Noémie. Spectateurs de paroles Délibération démocratique et théâtre à Athènes à l’époque classique. Rennes: PUR, 2013.
VERNANT, Jean-Pierre; VIDAL-NAQUET, Pierre. Mito e Tragédia na Grécia Antiga. São Paulo: Perspectiva. 2013.