Organizadores: Dominique Santos (FURB), Fábio Frizzo (UFTM) Fábio Augusto Morales (UFSC), José Ernesto Moura Knust (IFF) e Victor Passuello (UEG)
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Mesa 1 (29/11, 14h-17h) – Teoria e historiografia da História Antiga Global
Fábio Frizzo (UFTM), A Egiptologia Luso-Brasileira em Contexto Global.
Luis Gustavo Marques Gonçalves (FURB), Escrever a história da China Antiga em tempos de História Global: Gu Jiegang e a “Doubting Antiquity School” [Yugupai 疑古派].
Alex Degan (UFSC), A Ásia Oriental como “forma” para reflexões sobre a História Geral.
Dyel Gedhay da Silva (UFSC), Uma experiência ecumênica na Antiguidade: o sentido empírico da ‘história universal’ através da polêmica em Políbio.
Cristiano Constante (UFSC), História Antiga Global: uma abordagem interdisciplinar do evento paleoclimático 4200 AP.
Thalita Schuh Venancio da Costa (UFSC), Análise da primeira urbanização andina.
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Mesa 2 (30/11, 14h-17h): Império, poder e cultura
Fábio Amorim Vieira (UDESC), A presença de bovinos com chifres deformados em cenas de tributação núbia ao Egito: avaliando a “egipcianização” da Núbia e as tradições kushitas no II milênio a.C.
Santiago Colombo Reghin (USP), Significando um império: impactos do domínio selêucida na cultura escribal babilônica (séc. III A.E.C.).
Luiz Antonio Goulart de Oliveira (UFSC), Império e integração no Mar Negro no século II a.C.
José Knust (IFF-Macaé), Agricultura, Comércio e Poder na Integração regional do Mediterrâneo central (séculos VI-III a.C.).
Gabriel Gabbardo (University of St Andrews), O colapso do Império Han (206 a.C. – 220 d.C.).
Rodrigo dos Santos Oliveira (UFSM), De Constantinopla para a “Montanha Dourada”: a política romana eurasiática nas relações romano-turcas (c. 580 – c. 630).
Fabio Augusto Morales (UFSC), “Campo de integração” como conceito da História Global.
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Mesa 3 (01/12, 14h-17h): Espaço e religiosidade
Karina Beck (UFSC), Delos: a agência local de uma cidade global nos séculos III – II a.C.
Renan Augusto Valmorbida (UFSC), O lugar do sagrado em Louyang da Dinastia Han. Budismo e suas de utilizações do espaço urbano.
Pâmela Martins (UFSC), Altar do Heraion: a renovação urbana de Delos Independente.
Ana Beatriz Siqueira Bittencourt (UFRJ), Os Judeus e o Império Romano no contexto das Guerras Romano-Judaicas (séculos I e II d.C.).
Victor Passuello (UEG), Josefo e a Diáspora judaica: elementos para a construção de uma história global dos judeus na antiguidade.
Gabriel Ferreira Albino (UFSC), Cidade, espaços e conceitos geoteológicos na obra de Eusébio de Cesaréia.
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Resumo e bibliografia do simpósio
Resumo: A crítica ao eurocentrismo e ao internalismo metodológico, intensificada no final dos anos 1990, produziu uma série de abordagens que empregavam, de modo mais ou menos explícito, métodos e teorias inspiradas na globalização para objetos tradicionais da História Antiga. Cada vez mais, histórias baseadas em civilizações (precursoras imperfeitas do estado nacional: “os gregos”, “Roma”, “o Egito”, “os fenícios”) e no excepcionalismo e isolamento de gregos e romanos (contrapostos à barbárie oriental) foram percebidas, pela historiografia, como insuficientes para a superação dos dilemas ético-políticos e científicos do eurocentrismo.
Assim, por exemplo, Mogens Hansen (2000) produziu o grande projeto de comparação entre a “cultura de cidades-estados” da Grécia com mais de trinta outros exemplos, da Mesoamérica pré-colonial à África medieval; no mesmo ano, P. Horden e N. Purcell (2000), por sua vez, propuseram uma “história do Mediterrâneo” centrada nos modos pelos quais as sociedades mediterrânicas lidaram com a necessidade, imposta pelo espaço, de se conectarem umas às outras. A onda ganhou força na década de 2010, com a multiplicação de histórias comparadas (Roma/Grécia/Egito de um lado, China/Índia/América de outro), de histórias das “globalizações antigas” (a construção de comunidades culturais e linguísticas ou de impérios), histórias da circulação de coisas e pessoais (do incenso à arte grega, do marfim africano ao lápis-lazúli centro-asiático), histórias dos sistemas-mundo (seja do Bronze, seja de Roma), das fronteiras culturais e econômicas (da interação com os “bárbaros” ao uso da escrita como forma de integração e distinção), do contato e do hibridismo intercultural (da interpretatio de deuses estrangeiros ao trilinguismo em indivíduos e inscrições), em diálogo com as teorias da globalização a partir de diferentes entradas, do marxismo ao liberalismo, do pós-colonial ao decolonial, da cultura à economia, da macro ou da microhistória.
O objetivo deste simpósio é reunir pesquisas que reflitam sobre os desafios, possibilidades e limites colocados pela História Global à História Antiga, e por esta à própria História Global.
Bibliografia
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