Desde o dia 18 de abril, a Professora Doutora Juliana Cavalcanti, Historiadora Especialista em Cristianismo Antigo, e seu esposo vêm sendo assediados e sofrendo ameaças de morte nas redes sociais. Três perfis diferentes no instagram têm alternadamente realizado esses ataques. Tais ameaças são decorrentes do incômodo que grupos reacionários e conservadores têm sentido com o trabalho de divulgação científica e História Pública feito por Juliana Cavalcanti, que tem como tema os Cristianismos antigos.
Após levar o caso às autoridades no dia 18 e retornar hoje, dia 22, ainda assim seu caso parece que vai demorar a ter alguma resolução.
Juliana Cavalcanti é uma historiadora com um trabalho de pesquisa respeitável na área dos cristianismos dos primeiros séculos, na qual apresenta a variedade e diversidade histórica do fenômeno religioso cristão, assim como problematiza estereótipos tradicionais do que seria a Igreja Cristã no senso comum. Seu trabalho não se restringe ao âmbito acadêmico, tendo uma atuação ampla na divulgação do conhecimento histórico nas redes sociais. Por meio de vídeos, entrevistas e material visual, em diversos meios e plataformas, ela vem contribuindo para a formação de uma consciência histórica que questiona como estruturas de poder seculares e visões conservadoras no presente deturparam a memória dos cristianismos.
O Grupo de Trabalho em História Antiga da Anpuh repudia totalmente esta violência que tem sido realizada contra Juliana Cavalcanti e protesta contra essa tentativa de silenciamento da pesquisa e do conhecimento histórico em nome de movimentos que buscam restaurar sistemas morais e de costumes anacrônicos, que orgânica ou inorganicamente se associam ao momento violento e reacionário que o país vive há meia década.
O GTHA apoia integralmente Juliana Cavalcanti contra essas ameaças e assédios e demanda que as autoridades façam cumprir a lei contra seus atacantes, realizando a devida investigação e impedindo que esta situação absurda de assédio e ameaças continue.
Por fim, o GTHA conclama a todos os interessados no campo da História Antiga no Brasil e no seu ensino a divulgarem as pesquisas de Juliana Cavalcanti, sejam os vídeos em seu canal, sejam os cards em seus perfis de Instagram e de Facebook. Ao multiplicar e ecoar a sua pesquisa e suas intervenções na esfera pública, nos contrapomos à imposição do silenciamento da memória social que assediadores encobertos pelo anonimato das redes sociais tentam empreender.
O Conhecimento Histórico não será calado por grupos obscurantistas, reacionários e negacionistas.
Coordenação do GTHA – Gestão 2021-2023*
Camila Condilo (UNB)
Gustavo Oliveira (PUCCAMP)
Uiran Gebara da Silva (UFRPE)
*Recebemos o apoio da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC) para essa nota de repúdio.